sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Praias selvagens têm mais fungos e bactérias

A falta de acções de limpeza nas praias selvagens fazem com que haja mais micróbios
A falta de acções de limpeza nas praias selvagens fazem com que haja mais micróbios

A areia das praias selvagens portuguesas está mais contaminada com fungos e bactérias do que a das zonas balneares muito frequentadas, segundo análises microbiológicas do Instituto Ricardo Jorge que revelam ainda uma melhoria da qualidade dos areais nos últimos três anos. 
"Ao contrário do que se pensava, as praias selvagens não são melhores", disse à Lusa João Brandão, do departamento de doenças infecciosas do Instituto Nacional de Saúde Ricardo Jorge, uma das entidades que colabora com a Associação Bandeira Azul no programa de monitorização da qualidade das areias das zonas balneares. 
As amostras recolhidas em praias de difícil acesso, muitas das quais alcançáveis apenas de barco, revelaram que estes areais não são de melhor qualidade do que os das praias mais frequentadas, uma conclusão que surpreendeu até os técnicos do Instituto Ricardo Jorge. 
"A razão é só uma: não há nessas praias selvagens qualquer intervenção de limpeza", explicou João Brandão. Embora o projecto da Bandeira Azul para os areais tenha começado a ser traçado no início do milénio, foi apenas em 2006 que se efectuaram as primeiras monitorizações nas praias galardoadas com o símbolo da qualidade balnear, num total de 60, tendo aumentado gradualmente o número de zonas balneares monitorizadas, que este ano deverá ultrapassar as 90. 
"Nas praias galardoadas são recolhidas três amostras de areia seca, uma ainda em Maio antes da abertura oficial da época balnear, outra no final de Junho e a terceira em finais de Agosto", explicou aquele responsável.
Além destas três amostras, podem ser feitas outras análises a pedido das Câmaras Municipais que pretendem analisar a areia de praias não galardoadas ou que querem mais amostras do que as três estabelecidas pela Associação Bandeira Azul. 
Nas praias não selvagens e cuja areia é monitorizada todos os anos, as análises mostram que a qualidade do areal melhora sempre que começa a época balnear e que os níveis de contaminação estão a ser reduzidos de ano para ano. 
A razão é também a limpeza dos areais: "A primeira amostragem de areia é sempre a mais suja, as outras duas têm valores mais próximos. Houve uma aprendizagem das autarquias e dos concessionários quanto à limpeza e manutenção da praia", defendeu João Brandão. 
A melhoria na qualidade das areias nos últimos três anos atribui-se também, segundo aquele responsável, ao comportamento de quem frequenta as praias: "As pessoas estão cada vez mais conscientes, usam mais os caixotes de lixo, que também são mais, e levam menos os animais de estimação". 
Os fungos, como o pé-de-atleta, e as bactérias que provocam doenças de pele são os principais microrganismos detectados nas análises efectuadas pelos técnicos do Instituto Ricardo Jorge. 
Para ter Bandeira Azul, uma praia tem de obter boas análises à qualidade da água, mas não precisa de ter uma areia limpa uma vez que este critério ainda não foi reconhecido pela federação internacional da Bandeira Azul, estando em fase de negociações. 
Mas é na areia, e não na água, que os banhistas passam a maior parte do tempo quando estão na praia.

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