sábado, 27 de agosto de 2011

FUNGOS





Imagem de microscopia de varredura eletrônica (cores adicionadas) de micélio fúngico com as hifas (verde), esporângio (laranja) e esporos (azul), Penicillium sp. (aumento de 1560 x).


CARACTERÍSTICAS GERAIS

            Durante muito tempo, os fungos foram considerados como vegetais e, somente a partir de 1969, passaram a ser classificados em um reino à parte.
            Os fungos apresentam um conjunto de características próprias que permitem sua diferenciação das plantas: não sintetizam clorofila, não tem celulose na sue parede celular, exceto alguns fungos aquáticos e não armazenam amido como substância de reserva.
            A presença de substâncias quitinosas na parede da maior parte das espécies fúngicas e a sua capacidade de depositar glicogênio os assemelham às células animais.
            Os fungos são seres vivos eucarióticos, com um só núcleo, como as leveduras, ou multinucleados, como se observa entre os fungos filamentosos ou bolores.
Seu citoplasma contém mitocôndrias e retículo endoplasmático rugoso.
            São heterotróficos e nutrem-se de matéria orgânica morta - fungos saprofíticos, ou viva—fungos parasitários.
            Suas células possuem vida independente e não se reúnem para formar tecidos verdadeiros.
            Os componentes principais da parede celular são hexoses e hexoaminas, que formam mananas, ducanas e galactanas. Alguns fungos têm parede rica em quitina (N-acetil glicosamina), outros possuem complexos polissacarídios e proteínas, com predominância de cisteína.
            Fungos do gênero Cryptococcus, como o Cryptococcus neoformans apresentam cápsula de natureza polissacarídica, que envolve a parede celular.
            Protoplastos de fungos podem ser obtidos peloo tratamento de seus cultivos, em condições hipertônicas, com enzimas de origem bacteriana ou extraídas do caracol Helix pomatia.
            Os fungos são ubíquos, encontrando-se no solo, na água, nos vegetais, em animals, no homem e em detritos, em geral. O vento age como importante veiculo de dispersão de seus propágulos e fragmentos de hifa.


ESTRUTURA DOS FUNGOS

            Os fungos podem se desenvolver em meios de cultivo especiais formando colônias de dois tipos:
            - leveduriformes;
            - filamentosas.
            As colônias leveduriformes são pastosas ou cremosas, formadas por microrganismos unicelulares que cumprem as funções vegetativas e reprodutivas.
            As colônias filamentosas podem ser algodonosas, aveludadas ou pulverulentas; são constituídas fundamentalmente por elementos multicelulares em forma de tubo—as hifas.
            As hifas podem ser contínuas ou cenocíticas e tabicadas ou septadas. Possuem hifas septadas os fungos das Divisões Ascomycota, Basidiomycota e Deuteromycota e hifas cenocíticas, os das Divisões Mastigomycota e Zygomycota.
            Ao conjunto de hifas, dá-se o nome de micélio. O micélio que se desenvolve no interior do substrato, funcionando também como elemento de sustentação e de absorção de nutrientes, é chamado de micélio vegetativo.
O micélio que se projeta na superficie e cresce acima do meio de cultivo é o micélio aéreo.
Quando o micélio aéreo se diferencia para sustentar os corpos de frutificação ou propágulos, constitui o micélio reprodutivo.
            Os propágulos ou órgãos de disseminação dos fungos são classificados, segundo sua origem, em externos e intemos, sexuados e assexuados. Embora o micélio vegetativo não tenha especificamente funções de reprodução, alguns fragmentos de hifa podem se desprender do micélio vegetativo e cumprir funções de propagação, uma vez que as células fúngicas são autônomas.
            Estes elementos são denominados de taloconídios e compreendem os:
            - blastoconídios,
            - artroconídios
            - clamidoconídios.
            Os blastoconídios, também denominados gêmulas, são comuns nas leveduras e se derivam por brotamento da célula-mãe. As vezes, os blastoconídios permanecem ligados à célula-mãe, formando cadeias, as pseudo-hifas, cujo conjunto é o pseudomicélio.
            Os artroconídios são formados por fragmentação das hifas em segmentos retangulares. São encontratos nos fungos do gênero Geotrichum, em Coccidioides immitis e em dermatófitos.
            Os clamidoconídios têm função de resistência, semelhante a dos esporos bacterianos. São células, geralmente arredondadas, de volume aumentado, com paredes duplas e espessas, nas quis se concentra o citoplasma. Sua localização no micélio pode ser apical ou intercalar. Formam-se em condições ambientais adversas, como escassez de nutrientes, de água e temperaturas não favoráveis ao desenvolvimento fúngico.
            Entre outras estruturas de resistência devem ser mencionados os esclerócios ou esclerotos, que são corpúsculos duros e parenquimatosos, formados pelo conjunto de hifas e que permanecem em estado de dormência, até o aparecimento de condições adequadas para sua germinação. São encontrados em espécies de fungos das Divisões Ascomycota, Basidiomycota e Deuteromycota.


REPRODUÇÃO DOS FUNGOS

            Os fungos se reproduzem em ciclos assexuais, sexuais e parassexuais.
            Segundo Alexoupolos, a reprodução assexuada abrange quatro modalidades:
            1) fragmentação de artroconídios;
            2) fissão de células somáticas;
            3) brotamento ou gemulação do blastoconídios-mãe;
            4) produção de conídios.
            Os conídios representam o modo mais comum de reprodução assexuada; são produzidos pelas transformações do sistema vegetativo do próprie micélio. As células que dão origem aos conídios são denominadas células conidiogênicas.
            Os conídios podem ser hialinos ou pigmenntados, geralmente escuros - os feoconídios; apreentar formas diferentes— esféricos, fusiformes, cilíndricos, piriformes etc; ter parede lisa ou rugosa; serem formados de uma só célula ou terem septos em um ou dois planos; apresentar-se isolados ou agrupados.
            As hifas podem produzir ramificações, algumas em plano perpendicular ao micélio, originando os conidióforos, a partir dos quais se formarão os conídios. Normalmente , os conídios se originam no extremo do conidióforo, que pode ser ramificado ou não. Outras vezes, o que não é muito freqüente, nascem em qualquer parte do micélio vegetativo, e neste caso são chamados de conídios sésseis, como no Trichophyton rubrum.
            O conidióforo e a célula conidiogênica podem formar estruturas bem diferenciadas, peculiares, o aparelho de frutificação, também denominado de conidiação que permite a identificação de alguns fungos patogênicos.
            No aparelho de conidiação tipo aspergilo, os conídios formam cadeias sobre fiálides, estruturas em forma de garrafa, em torno de uma vesícula que é uma dilatação na extremidade do conidióforo.

Conídios de Aspergillus agrupados em forma de cabeça, ao redor de uma vesícula.
            Nos penicílios falta a vesícula na extremidade dos conidióforos que se ramificam dando a aparência de pincel.
            Como no aspergilo, os conídios formam cadeias que se distribuem sobre as fiálides.
            Quando um fungo filamentoso forma coníios de tamanhos diferentes, o maior será designado como macroconídio e o menor microconíidio.
            Alguns fungos formam um corpo de frutificação piriforme denominado picnídio, dentro do qual se desenvolvem os conidióforos, com seus conídios—os picnidioconidios (Fig.7). Essa estrutura é encontrada na Pyrenochaeta romeroi, agente de eumicetoma.
Corte transversal de um picnídio mostrando conídios.
            Os propágulos assexuados internos se originam de esporângios globosos, por um processo de clivagem de seu citoplasma, e são conhecidos como esporoangiosporos ou esporos. Pela ruptura do esporângio, os esporos são liberados.
Reprodução assexuada interna.
            Os esporos sexuados se originam da fusão de estruturas diferenciadas com caráter de sexualidade. O núcleo haplóide de uma célula doadora funde-se com o núcleo haplóide de uma célula receptora, formando um zigoto. Posteriormente, por divisão meiótica, originam-se quatro ou oito núcleos haplóides, alguns dos quais se recombinarão, geneticamente.



 
Reprodução sexuada.
            Os esporos sexuados internos são chamados ascosporos e se formam no interior de estruturas em forma de saco, denominadas ascos. Os ascos podem ser simples, como em leveduras dos gêneros Saccharomyces e Hansenula, ou se distribuir em lóculos ou cavidades do micélio, dentro de um estroma, o ascostroma ou ainda ester contidos em corpos de frutificação, os ascocarpos.
            Três tipos de ascocarpos são bem conhecidos: cleistotécio, peritécio e apotécio.
            O cleistotécio é uma estrutura globosa, fechada, de parede formada por hifas muito unidas, com um número indeterminado de ascos, contendo cada um oito ascosporos.
            O peritécio é uma estrutura geralmente piriforme, dentro da qual os ascos nascem de uma camada hemenical e se dispõem em paliçada, exemplo, Leptosphaeria senegalensis, Neotestudina rosatii.
            O apotécio é um ascocarpo aberto, em forma de cálice onde se localizam os ascos.
 

Diferentes tipos de ascos e ascocarpos.
 

Basidiosporos
            Os fungos que se reproduzem por ascosporos ou basidiosporos são fungos perfeitos. As formas sexuadas são esporádicas e contribuem, através da recombinação genética, para o aperfeiçoamento da espécie. Em geral, estes fungos produzem também estruturas assexuadas, os conídios que asseguram sue disseminação. Muitos fungos, nos quais não foi até agora reconhecida a forma sexuada de reprodução, são incluídos entre os fungos imperfeitos. Quando é descrita a forma perfeita de um fungo, essa recebe uma outra denominação. Por exemplo, o fungo leveduriforme, Cryptococcus neoformans, em sue fase perfeita é denominado Filobasidiella neoformans.
            A fase sexuada dos fungos é denominada te teleomórfica e a fase assexuada de anamórfica.
            A maior parte das leveduras se reproduzem assexuadamente por brotamento ou gemulação e por fissão binária. No processo de brotamento, a célula-mãe origina um broto, o blastoconídio que cresce, recebe um núcleo após a divisão do núcleoda célula-mãe. Na fissão binária, a célula-mãe se divide em duas células de tamanhos iguais, de forma semelhante a que ocorre com as. bactérias. No seu ciclo evolutivo, algumas leve auras, como Saccharomyces cerevisiae, podem originar esporos sexuados, ascosporos, depois que duas células experimentam fusão celular e nuclear, seguida de meiose.
            O fenômeno de parassexualidade foi demonstrado em Aspergillus. Consiste na fusão de hifas e formação de um heterocarion que contém núcleos haplóides. Às vezes, estes núcleos se fundem e originam núcleos diplóides, heterozigóticos, cujos cromossomas homólogos sofrem recombinação duruante a mitose. Apesar destes recombinantes serem raros, o ciclo parassexual é importante na evolução de alguns fungos. A tabela abaixo apresenta, de forma esquemática, os conceitos mencionados.


METABOLISMO

            Os fungos são microrganismos heterotróficos e, em sue maioria, aeróbios obrigatórios. No entanto, certas leveduras fermentadoras, aeróbias facultativas, se desenvolvem em ambientes com pouco oxigênio ou mesmo na ausência deste elemento.
            Os fungos podem germinar, ainda que lentamente, em atmosfera de reduzida quantidade de oxigênio. O crescimento vegetativo e a reprodução assexuada ocorrem nessas condições, enquanto a reprodução sexuada se efetua apenas em atmosfera rica em oxigênio.
            Em condições aeróbicas, a via da hexose monofosfato é a responsável por 30% da glicó1ise. Sob condições anaeróbicas, a via clássica, usada pela maioria das leveduras, é a de Embden-Meyerhof, que resulta na formação de piruvato.
            Algumas leveduras, como o Saccharomyces cerevisiae fazem o processo de fermentação alcoó1ica de grande importancia industrial, na fabricação de bebidas e na panificação.
            Os fungos produzem enzimas como lipases, invertases, lactases, proteinases, amilases etc., que hidrolisam o substrato tornando-o assimilável através de mecanismos de transporte ativo e passivo. Alguns substratos podem induzir a formação de enzimas degradativas; há fungos que hidrolisam substâncias orgânicas, como quitina, osso, couro, inclusive materiais plásticos.
            Muitas espécies fúngicas podem se desenvolver em meios mínimos, contendo amônia ou nitritos, como fontes de nitrogênio. As substãâncias orgânicas, de preferência, são carboidratos simples como D-glicose e sais minerais como sulfatos e fosfatos.
            Oligoelementos como ferro, zinco, manganês, cobre, molibdênio e cálcio são exigidos em pequenas quantidades. No entanto, alguns fungos requerem fatores de crescimento, que não conseguem sintetizar, em especial, vitaminas, como tiamina, biotina, riboflavina, ácido pantotênico etc.
            Os fungos, como todos os seres vivos, necessitam de água para o seu desenvolvimento. Alguns são halofílicos, crescendo em ambiente com elevada concentração de sal.
            A temperatura de crescimento abrange uma larga faixa, havendo espécies psicrôfilas, mesófilas e termófilas. Os fungos de importância médica, em geral, são mesófilos, apresentando temperatura ótima, entre 20° e 30°C.
            Os fungos podem ter morfologia diferente, segundo as condições nutricionais e a temperatura de seu desenvolvimento. O fenômeno de variação morfolôgica mais importante em micologia médica é o dimorfismo, que se expressa por um crescimento micelial entre 22° e 28°C e leveduriforme entre 35°C e 37°C. Em geral, essas formas são reversíveis. A fase micelial (M) ou saprofítica é a forma infectante e está presente no solo, nas plantas etc. A fase leveduriforme (L ou Y) ou parasitaria é encontrada nos tecidos. Este fenômeno é conhecido como dimorfismo fúngico e se observe entre fungos de importância médica, como Histoplasma capsulatum, Blastomyces dermatitidis, Paracoccidioides brasiliensis, Sporothrix schenckii. Na Candida albicans a forma saprofítica infectante é a leveduriforme e a forma parasitária, isolada dos tecidos, é a micelial. Em laboratório, é possível reproduzir o dimorfismo mediante variações de temperatura de incubação, de tensão de O2 e de meios de cultura específicos. Desta forma foi possível classificar como dimórficos, fungos nos quais era conhecida apenas uma das formas, por exemplo, os agentes de cromoblastomicose.
            O pleomorfismo nos dermatófitos se expressa através da perda das estruturas de reprodução ou conídios, com variações morfológicas da colônia. Essas estruturas podem ser recuperadas nos retro cultivos, após a inoculação em animais de laboratório ou em meios enriquecidos com terra.
            Ainda que o pH mais favorável ao desenvolvimento dos fungos esteja entre 5, 6 e 7, a maioria dos fungos tolera amplas variações de pH. Os fungos filamentosos podem crescer na faixa entre 1,5 e 11, mas as leveduras não toleram pH alcalino. Muitas vezes, a pigmentação dos fungos está relacionada com o pH do substrato. Os meios com pH entre 5 e 6, com elevadas concentrações de açúcar, alta pressão osmótica, taiss como geléias, favorecem o desenvolvimento dos fungos nas porções em contato com o ar.
            O crescimento dos fungos é mais lento que o das bactérias e sues culturas precisam, em média, de 7 a 15 dias, ou mais de incubação. Com a finalidade de evitar o desenvolvimento bacteriano, que pode inibir ou se sobrepor ao do fungo, é necessário incorporar aos meios de cultura, antibacterianos de largo espectro, como o cloranfenicol. Também pode-se acrescentar cicloheximida para diminuir o crescimento de fungos saprófitas contaminantes, de cultivos de fungos patogênicos.
            Muitas espécies fúngicas exigem luz para seu desenvolvimento; outras são por ela inibidos e outras ainda mostram-se indiferentes a este agente. Em geral, a luz solar direta, devido à radiação ultravioleta, é elemento fungicida.
            Por diferentes processos, os fungos podem elaborar vários metabó1itos, como antibióticos, dos quais a penicilina é o mais conhecido e micotoxinas, como aflatoxinas, que Ihes conferem vantagens seletivas.


CLASSIFICAÇÃO DOS FUNGOS

            O Reino Fungi é dividido em seis filos ou divisões dos quais quatro são de importância médica: Zygomycota, Ascomycota, Basidiomycota e Deuteromycota.
DIVISÃO ZYGOMYCOTA
            Inclui fungos de micélio cenocítico, ainda que septos podem separar estruturas como os esporângios. A reprodução pode ser sexuada, pela formação de zigosporos e assexuada com a produção de esporos, os esporangiosporos, no interior dos esporangios.
            Os fungos de interesse médico se encontram nas ordens Mucorales e Entomophthorales.
DIVISÃO ASCOMYCOTA
            Agrupa fungos de hifas septadas, sendo o septo incompleto, com os típicos corpos de Woronin. A sua principal característica é o asco, estrutura em forma de saco ou bolsa, no interior do qual são produzidos os ascosporos, esporos sexuados, com forma, número e cor variáveis para cada espécie. Algumas espéeies produzem ascocarpos e ascostromas no interior dos quais se formam os ascos Conídios, propágulos assexuados. são também encontrados.
            As espécies patogênicas para o homem se classificam em três classes: Hemiascomycetes, Loculoascomycetes e Plectomycetes.
DIVISÃO BASIDIOMYCOTA
            Compreende fungos de hifas septadas, que se caracterizam pela produção de esporos sexuados, os basidiosporos, típicos de cada espécie. Conídios ou propágulos assexuados podem ser encontrados. A espécie patogênica mais importante se enquadra na classe Teliomycetes.

Principais estruturas de Basidiomycota.
DlVISÃO DEUTEROMYCOTA
            Engloba fungos de hifas septadas que se multiplicam apenas por conídios e por isso são conhecidos como Fungos Imperfeitos. Os conídios podem ser exógenos ou estar contidos em estruturas como os picnídios. Entre os Deuteromycota se encontra a maior parte dos fungos de importância médica.

Vírus



O que são vírus, estrutura, vida, classificação, ciclo reprodutivo, doenças causadas por vírus, as vacinas e informações importantes.
vírus da gripe
Imagem de microscópio do vírus influenza (gripe)
Introdução
A palavra vírus é originária do latim e significa toxina ou veneno. O vírus é um organismo biológico com grande capacidade de automultiplicação, utilizando para isso sua estrutura celular. É um agente capaz de causar doenças em animais e vegetais. 
Estrutura de um vírus
Ele é formado por um capsídeo de proteínas que envolve o ácido nucléico, que pode ser RNA (ácido ribonucléico) ou DNA (ácido desoxirribonucléico). Em alguns tipos de vírus, esta estrutura é envolvida por uma capa lipídica com diversos tipos de proteínas.

Vida
Um vírus sempre precisa de uma célula para poder replicar seu material genético, produzindo cópias da matriz. Portanto, ele possui uma grande capacidade de destruir uma célula, pois utiliza toda a estrutura da mesma para seu processo de reprodução. Podem infectar células eucarióticas (de animais, fungos, vegetais) e procarióticas (de bactérias).

Classificação
A classificação dos vírus ocorre de acordo com o tipo de ácido nucléico que possuem, as características do sistema que os envolvem e os tipos de células que infectam. De acordo com este sistema de classificação, existem aproximadamente, trinta grupos de vírus.

Ciclo Reprodutivo
São quatro as fases do ciclo de vida de um vírus: 
1. Entrada do vírus na célula: ocorre a absorção e fixação do vírus na superfície celular e logo em seguida a penetração através da membrana celular.
2. Eclipse: um tempo depois da penetração, o vírus fica adormecido e não mostra sinais de sua presença ou atividade.
3. Multiplicação: ocorre a replicação do ácido nucléico e as sínteses das proteínas do capsídeo. Os ácidos nucléicos e as proteínas sintetizadas se desenvolvem com rapidez, produzindo novas partículas de vírus.
4. Liberação: as novas partículas de vírus saem para infectar novas células sadias.

Curiosidades:
- Exemplos de doenças humanas provocadas por vírus: hepatite, sarampo, caxumba, gripe, dengue, poliomielite, febre amarela, varíola, AIDS e catapora.
- Os antibióticos não servem para combater os vírus. Alguns tipos de remédios servem apenas para tratar os sintomas das infecções virais. As vacinas são utilizadas como método de prevenção, pois estimulam o sistema imunológico das pessoas a produzirem anticorpos contra determinados tipos de vírus. 

Alergia


Alergia
Star of life caution.svg Aviso médico
Classificação e recursos externos
Hives on back.jpg
Urticária resultado de uma alergia
CID-10 T78.4
CID-9 995.3
DiseasesDB 33481
MedlinePlus 000812
MeSH D006967
A Alergia é uma resposta exagerada do sistema imunológico a uma substância estranha ao organismo, ou seja uma hipersensibilidade imunológica a um estímulo externo específico. Os portadores de alergias são chamados de “atópicos” ou mais popularmente de “alérgicos”.
O organismo tecido ou célula capaz de apresentar uma reação de hipersensibilidade diz-se estar sensibilizado. As reações alérgicas, sendo reações imunológicas, são extremamente específicas, reagindo o organismo sensibilizado exclusivamente ao determinante antigênico usado como imunogêno ou estrutura semelhante. As reações de hipersensibilidade foram bem cedo separadas em dois tipos diferentes, de acordo com o tempo decorrido entre o contato do organismo sensibilizado com o antígeno e a visualização macroscópica do fenômeno alérgico. Assim, enquanto as chamadas reações de hipersensibilidade imediata exigem apenas minutos ou algumas horas para seu aparecimento, as reações de hipersensibilidade tardia só se desenvolvem depois de muitas horas. Hoje, embora esse critério de tempo de aparecimento continue válido para a classificação das reações de hipersensibilidade, sabe-se que diferenças mais importantes separam os dois tipos. Assim, enquanto as reações do tipo imediato incluem todas as reações reproduzíveis por um ou outro dos vários tipos de anticorpos presentes no soro e, consequentemente, podem ser transferidas de um indivíduo para o outro por anti-soro, as reações do tipo tardio dependem de linfócitos e, portanto, não são transmissíveis por anti-soro, mas somente por células. A transferência por meio de células de um estado de imunidade denomina-se imunização adotiva, porque o organismo receptor adota as células do doador, as quais lhe conferem a imunidade adquirida no outro organismo. No caso de transferência por células de um estado de hipersensibilidade, diz-se haver sensibilidade adotiva. Tanto a imunidade quanto a sensibilização adotiva somente são possíveis entre indivíduos isogênicos.(É possível à transferência de células alogênicas que, entretanto, sobrevivem por um período curto.) Note-se que, enquanto a hipersensibilidade tardia é transferível por anticorpos ou células.

O que é Biodiversidade?


Foto: Marcos Suguio. Reserva da Cantareira, São Paulo.

Você e a biodiversidade

Abra a janela de sua casa e tente enxergar cada uma das partes que compõem a paisagem, esteja você na cidade, no campo, na floresta ou no litoral.
Perceba como a vida está presente em cada elemento. E como todos juntos, com suas diferenças, formam um todo, um sistema interligado em que cada indivíduo exerce um papel importante para manter o equilíbrio geral. Essa variedade de vidas é a biodiversidade, da qual você faz parte.

Agora, imagine

Se todas as árvores fossem derrubadas. Para onde iriam os pássaros? Como se alimentariam ou encontrariam abrigo da chuva?
Se os rios e mares estivessem totalmente poluídos. Como os peixes e as outras espécies que vivem na água sobreviveriam?
Se as abelhas desaparecessem da Terra. Quantas plantas seriam extintas?

O que você pode fazer

  • Cuide da flora e da fauna que existe em sua comunidade.
  • Colabore com a proteção da água dos rios, córregos, praias e lagos de sua cidade.
  • Converse com as pessoas da sua família, do trabalho e da sua comunidade sobre este tema.
  • Divulgue o Ano Internacional da Biodiversidade.
Confira a lista de espécies em extinção: Fauna e Flora,
Foto: Marcos Suguio.

O que você tem a ver com isso?

  • Você faz parte do grande ciclo da vida que está à sua volta. E é a única espécie consciente da importância de cada uma das partes vivas para o equilíbrio da natureza.
  • A maior parte do oxigênio que você respira vem dos oceanos e florestas. Quase todas as frutas e verduras que você come foram polinizadas por abelhas ou semeadas por pequenos animais, como os pássaros. A água que você bebe vem de um ciclo que inclui as nuvens, a chuva, as geleiras, os rios, lagos e oceanos.
  • Dentro do seu corpo, nas árvores, no mar e no ar vivem micro-organismos, como bactérias, fungos e outros, que são fundamentais para a vida – a sua e a de todos os outros seres.
  • Na sua casa há móveis, utensílios, roupas, cosméticos, remédios, todos produzidos com materiais retirados da natureza. Ou seja, além de alimento, ar e água, os sistemas e processos da biodiversidade proporcionam matéria-prima para a fabricação de objetos e recursos essenciais para o seu bem-estar.
Contudo, esse equilíbrio da vida no planeta sofre ameaças, provocadas especialmente pela ação humana.

Fatores que influenciam a perda da biodiversidade

Poluição, uso excessivo dos recursos naturais, expansão da fronteira agrícola sobre as matas naturais, excesso de consumo, expansão urbana e industrial e contaminação do solo e das águas, entre outros.

Lembre-se

Muitas plantas são utilizadas para produzir medicamentos e há milhares de espécies ainda não estudadas que podem guardar propriedades para a cura de várias doenças. Ao defender a conservação da biodiversidade e agir para protegê-la, você ajuda a garantir não só o futuro das próximas gerações, mas também o seu bem-estar no presente.

Pratique o consumo consciente

A sociedade moderna desperdiça grande quantidade de recursos naturais para manter o padrão de consumo e qualidade de vida atual. Podemos até ter uma vida confortável e repleta de facilidades, mas até que ponto vale a pena praticar o excesso de consumo e comprometer o nosso futuro?
Veja algumas atitudes que contribuem para a conservação da biodiversidade.
  • Prefira os alimentos típicos e os ingredientes naturais de sua região. Assim, você ajuda a reduzir o uso de combustíveis no transporte e o desperdício de alimentos no trajeto.
  • Escolha produtos de empresas que mantêm compromisso com a sustentabilidade e que fazem o controle das emissões de GEE (gases do efeito estufa) em suas atividades.
  • Valorize os produtos das comunidades locais que são extraídos ou cultivados de forma sustentável, ou seja, com boas práticas de manejo

Tumor cerebral: Tumor cerebral benigno associado a outras anomalias


Tumor cerebral benigno e  malformação do crânio associado a anomalias esqueléticas e hamartoma hipotalâmico
Os sintomas de tumor cerebral benigno com malformação e anomalias no cérebro e craniofaciais podem estar relacionados a uma síndrome denominada Síndrome Congênita do hamartoma hipotalamico (CHHS)
tumor cerebral
tumor cerebral
Trata-se de uma doença que associa raras anomalias. Poucos casos desta doença foram registrados até o momento na literatura.
A condição é caracterizada pela associação de hamartoma hipotalamico congênito.
A criança com esta anomalia apresenta tumores cerebrais benignos compostos de tecido neuronal e glial maduro, com várias malformações craniofaciais, esqueléticas e viscerais.
O relatório de famílias com vários indivíduos afetados sugere uma herança autossômica recessiva.
A etiologia da síndrome ainda é desconhecida. Algumas evidências apontam semelhanças clínicas com síndrome de Pallister-Hall, que é uma condição autossômica dominante, caracterizada por hamartoblastoma hipotálamo congênito, polidactilia postaxial, ânus imperfurado, hipopituitarismo e várias anomalias viscerais. Além de hamartoma hipotalâmico e displasia esquelética que são características constantes nesta síndrome.
Já as anormalidades faciais, cardíacas, pulmonares, genito-urinário e neurológico são ocasionais.
Na maioria dos casos, a morte ocorre antes ou nas primeiras horas após o nascimento ou ainda a sobrevida é curtíssima.

Icterícia em adultos – Câncer intra biliar. Dor abdominal e icterícia em adultos


Os sintomas de dor abdominal e icterícia em adultos, podem ser sinais de um tumor maligno nos dutos biliares.
O Câncer de bile é um tumor primário dos ductos extra-ou intra-biliar. A prevalência é estimada em 2 100 000 e em que o tumor é ligeiramente mais freqüente no sexo masculino.
câncer biliar e icterícia em adultos
câncer biliar e icterícia em adultos
A doença progride lentamente, apenas com sintomas se manifestem durante os últimos estágios da doença.
As principais manifestações são dor abdominal e icterícia (que pode ou não ser acompanhada de dor), freqüentemente associada com puritus.
O tratamento geralmente é cirúrgico, mas os cuidados paliativos podem ser suficientes em alguns casos, e tem como objetivo restabelecer o fluxo de bile para o intestino.
O prognóstico é grave, pois o câncer é geralmente em um estágio avançado no momento do diagnóstico.

Diarréia crônica ou aguda: Fatores diversos e causas da diarréia em adultos e crianças


O que causa diarréia crônica. Fatores e agentes que causam a diarréia crônica ou aguda
A Diarréia é uma reação do organismo a diferentes agentes ou infecções que acometem o intestino e o aparelho digestivo.
A diarréia crônica em crianças e adultos provoca perda de peso, dores abdominais, fadiga, anemia e outros sintomas prejudicando todo o funcionamento metabólico e imunológico da pessoa.
A diarréia pode ser provocada por medicamentos, como antibióticos, laxantes (se abusado), drogas, anti-ácidos, medicamentos a base de magnésio, alguns medicamentos para tratar a pressão alta e outras drogas ou remédios cujos efeitos colaterais devem ser pesquisados na bula antes de se fazer uso.
Em alguns casos pode-se deparar com a diarréia crônica por agentes rarrios ou doenças raras.
Entre estes agentes temos: Diarréia desencadeada por diabetes, infecções crônicas, envenenamento, intoxicação, colite isquêmica, esclerose sistêmica, distúrbios hormonais, câncer, insuficiência renal, síndrome do intestino curto, doenças congênitas e diarréia paradoxal em crianças constipadas.
A diarréia infecciosa aguda
A diarréia bacteriana geralmente ocorre em uma intoxicação alimentar devido a infecção com bactérias, como E. coli ou Salmonella.
A diarréia por Parasitárias pode ser devido a vermes intestinais, ou parasitas unicelulares como Entamoeba histolitica ou Giardia.
A diarréia viral afeta principalmente crianças pequenas em brincadeiras com outras crianças devido a infecção de outras crianças, ou nos países pobres, devido à infecção pela água contaminada por rotavírus.

Anemia Perniciosa – Deficiência de Vitamina B12 – Doença de Biermer


A anemia é uma doença grave devido a deficiência de vitamina B12 resultante da destruição de glândulas oxinticas na parte superior do estômago.

anemia perniciosa
anemia perniciosa

Esta anomalia provoca a falta de absorção de vitamina B12 fornecida pelos alimentos provocando a anemia perniciosa.
Os sintomas apresentados nesta anemia são o aumento do tamanho de células vermelhas do sangue, que é corrigido por um tratamento adequado.
O tratamento padronizado mensal consiste de uma injeção intramuscular de vitamina B12 (100 microgramas mínimo). 
Caso não ocorra o tratamento adequado, as complicações podem ocorrer, incluindo neuropatia periférica e distúrbios ligados à coluna vertebral e lesões no cerebelo. 
Esta afecção não é rara, presente em pessoas com mais de 60 anos (prevalência de 2%), mas a forma congênita é muito rara.
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Síndrome CADASIL – a doença do infarto


 
CADASIL é o acrônimo para arteriopatia cerebral autossômica dominante com infartos subcorticais e leucoencefalopatia. Trata-se de uma doença genética transmitida de um padrão autossômico dominante. A prevalência ainda não está estabelecida, mas o transtorno é provavelmente subdiagnosticado.

A doença
É uma doença das arterias menores do cérebro, que produzem múltiplos infartos nas partes mais profundas. A diferença da corteza cerebral, que é substância cinza, é que as partes profundas que sofrem os danos estão constituídas por uma substância branca.

Características clínicas
A doença está associada a acidentes vasculares cerebrais, principalmente eventos isquêmicos (infartos lacunares) e enxaqueca com ou sem aura. O início dos sintomas ocorre em torno dos 40 anos. O curso da doença é marcado por traços subsequentes, principalmente em infartos lacunares, déficit cognitivo, disfunção psiquiátrica (síndrome depressiva, por vezes, episódios maníacos, de demência ou melancólicos).

Fisiopatologia
A patologia causante da CADASIL é a degeneração progressiva das células musculares lisas nos copos sanguíneos. Certas mutações do gene Notch 3 (no braço curto do cromossoma 19) causam uma acumulação da proteína Notch 3 na membrana plasmática das células musculares, tanto nos copos sanguíneos no cérebro como fora dele.

Diagnóstico
O diagnóstico é suspeito no exame clínico e confirmado pela ressonância magnética, que mostra leucoaraiose (lesões da substância branca) e infartos lacunares. Alguns achados neurorradiológicos apoiam fortemente o diagnóstico, tais como lesões hiperintensas em T2-weighted na parte anterior dos lobos temporais. O diagnóstico clínico é confirmado pela identificação de mutações no gene Notch 3. Atualmente, a análise de mutação em 12 exons permite estabelecer o diagnóstico em 90% dos casos. Na ausência de mutações nesses exons, o gene de longa-metragem pode ser sequenciado.

Notch 3
O gene causador, Notch 3, mapeado para cromossomo 19p, foi identificado em 1996. A desordem é geneticamente homogênea, uma vez que todas as famílias afetadas com CADASIL tem sido associadas a Notch 3. Este gene é composto por 33 exons. Os defeitos genéticos são mutações pontuais, que se agrupam em exons específicos. Notch 3 codifica uma proteína da membrana, que é rica em cisteína EGF (Fator de Crescimento Epidérmico) como os domínios e é expresso em células de músculos lisos extracerebrais de pequenos vasos sanguíneos e cerebrais.

Consequências
Mutações patogênicas podem causar a perda ou o ganho de um resíduo de cisteína e levar ao acúmulo de Notch 3 na membrana. Notch 3 é detectado por meio de anticorpos nas células do músculo liso nas arteríolas. A microscopia eletrônica revela a fragmentação das células musculares lisas e granulares depósitos osmiophilic (GOM) dentro da membrana basal vascular. O significado do GOM é desconhecido, não é detectado por anticorpos anti Notch 3.

Tratamento
A biópsia de pele imunocoloração continua a ser um teste de diagnóstico essencial para detectar Notch 3 em células musculares lisas das arteríolas subcutaneous. A análise por microscopia eletrônica de estudo só é usada em pesquisas clínicas. Até o momento, não existe uma droga eficiente, não existe nenhum tratamento específico. Em alguns casos pode-se usar anticoagulantes para frear a evolução da doença e ajudar a prevenir os infartos cerebrais. A doença costuma conduzir à morte em um período de uns 20 anos.

Dores nos ossos, anomalias e deformações: Doença de Gaucher



A doença de Gaucher é uma doença de depósito lisossômico, causada pela deficiência em glucocerebrosidase. É transmitida como um traço autossômico recessivo e é causada por mutações no GBA gene (1q21). Três tipos principais da doença foram descritos.

Gaucher tipo 1
No tipo 1, as manifestações clínicas são muito heterogêneas. Em alguns pacientes, a doença sistêmica é menos grave, com oftalmoplegia como o único sintoma neurológico. No entanto, vários sinais neurológicos (oftalmoplegia supranuclear horizontal, epilepsia mioclônica progressiva, ataxia cerebelar, espasticidade e demência) podem estar presentes em casos mais graves.

Gaucher tipos 2 e 3
O tipo 3 (também conhecido como neurológico ou subaguda forma juvenil) é raro (5% dos pacientes) e é caracterizado por um início mais tardio e progressivo da doença neurológica do que a observada em doenças de Gaucher tipo 2. Como o tipo 1, a doença de Gaucher tipo 3 também está associada com o biológico e os sinais clínicos de doenças sistêmicas, tais como astenia frequente, retardo de crescimento ou atraso da puberdade, esplenomegalia e hepatomegalia. Anomalias ósseas também podem estar presentes, elas se manifestam como deformações, osteopenia (que por vezes conduz a fraturas patológicas ou compressão vertebral), infartos ósseos ou mesmo osteonecrose asséptica. Radiografia padrão pode ser usada para procurar por complicações. Além disso, a cintilografia óssea com 99mTc- permite a detecção de lesões em todo o esqueleto inteiro.

Sintomas
Os sintomas mais comuns, principalmente na doença de Gaucher tipo 1, são: fadiga (devido à anemia), sangramentos, principalmente de nariz (por causa da redução do número de plaquetas), dores nos ossos, fraturas espontâneas (provocadas pelas anormalidades ósseas), cirrose, fibrose, varizes de esôfago e desconforto abdominal (devido ao tamanho aumentado do fígado e/ou do baço. A ressonância magnética (MRI) pode ser usada para identificar anomalias ósseas sintomáticas suavemente. Osteodensitometry permite a determinação do grau de osteopenia da coluna vertebral e do fêmur. Envolvimento de outros órgãos é comum, mas anomalias pulmonares são mais difíceis (o que raramente são sintomáticos) e malformações renais e cardíacas têm sido relatadas. O ultra-som cardíaco é necessário, mas é usado para a detecção de tensão arterial pulmonar, ao invés de identificação de determinadas anomalias cardíacas.

Estudos
A pancytopenia é frequente e está associada a vários graus de trombocitopenia (por vezes graves), anemia e, mais raramente, leukoneutropaenia. A hipergamaglobulinemia policlonal é agravada pela gammapathy monoclonal. Um aumento de marcadores biológicos – como chitotriosidase (uma enzima conversora da angiotensina), ferritina e fosfatase ácida resistente-tartarato (TRAP) – também é observado e é útil tanto para o diagnóstico inicial quanto durante o acompanhamento (com ou sem tratamento).

Diagnóstico
O diagnóstico pode ser confirmado pela demonstração de um déficit na atividade glucocerebrosidase. O diagnóstico bioquímico pré-natal pode ser proposto aos pais que já tiveram uma criança com doença de Gaucher tipo 3 e pode ser realizada por medir a atividade enzimática em amostras de vilo corial em 10 ou 12 semanas de amenorreia ou amniocytes para 16 semanas de amenorréia.

Medicamento
Em 1997, a terapêutica de substituição enzimática utilizou a imiglucerase análogo e obteve autorização para a comercialização como medicamento órfão para o tratamento de pacientes com doença de Gaucher tipo 3, que apresentam clinicamente significativas manifestações nonneurological da doença.

Tratamento
O tratamento parece retardar a progressão dos sintomas neurológicos e é eficaz contra as manifestações sistêmicas. Na ausência de tratamento, a evolução clínica pode levar à morte em poucos anos.

Pneumonia


Trata-se de infecções que se instalam nos pulmões e causam inflamações. Podem acometer a região dos alvéolos pulmonares, onde desembocam as ramificações terminais dos brônquios e, às vezes, dos interstícios (espaço entre um alvéolo e outro).
Causas
Basicamente, as pneumonias são provocadas pela penetração de um agente infeccioso ou irritante (como bactérias, vírus, protozoários, fungos, pneumococos e reações alérgicas) no espaço alveolar, onde ocorre a troca gasosa. Esse local deve estar sempre muito limpo, livre de substâncias que possam impedir o contato do ar com o sangue. Esta doença pode se instalar quando há inalação, ingestão de bactérias que se proliferaram na boca ou pela condução de patógenos de outras infecções via corrente sanguínea. No primeiro caso, gotículas de saliva e secreções contaminadas propiciam o contágio.
Sintomas
Tosse, febre alta, calafrios, dores de ouvido, dor no tórax, alterações da pressão arterial, confusão mental, mal-estar generalizado, falta de ar, secreção de muco purulento de cor amarelada ou esverdeada com rajas de sangue, toxemia e prostração. Se a doença não for tratada, o acúmulo de líquidos nos pulmões e ulcerações nos brônquios podem surgir.
Influências
O alcoolismo, o tabagismo, a insuficiência cardíaca e a doença pulmonar obstrutiva crônica são condições que, sem exceção, predispõem à pneumonia. Isto também é verdadeiro para os indivíduos que apresentam supressão do sistema imune pelo uso de determinadas drogas (como as utilizadas no tratamento do câncer e para evitar a rejeição de um órgão transplantado). Os indivíduos debilitados, acamados, paralisados, inconscientes ou que apresentam uma doença que compromete o sistema imune (p.ex., AIDS) também correm risco. A pneumonia pode ocorrer após uma cirurgia, principalmente após uma cirurgia abdominal ou após um traumatismo, sobretudo um traumatismo torácico, em decorrência da respiração superficial resultante, do comprometimento da tosse e da retenção de muco. Frequentemente, os agentes causadores da pneumonia são o Staphylococcus aureus, os pneumococos, o Haemophilus influenzae, Bactérias Diplococcus pneumoniae, Klebsiella pneumoniae ou uma combinação desses microrganismos.
Estudos
Frequentemente, a pneumonia tem sido a doença terminal de indivíduos portadores de outras doenças crônicas graves. A doença é a sexta causa mais comum de morte e a infecção hospitalar fatal mais identificada. Nos países em desenvolvimento, a pneumonia é a primeira ou a segunda causa principal de morte, sendo apenas suplantada pela desidratação causada pela diarréia grave. A pneumonia não é uma doença única, pode ser um conjunto de doenças distintas, cada uma causada por um microrganismo diferente. Nos adultos, as causas mais comuns são as bactérias (p.ex., Streptococcus pneumoniae, Staphylococcus aureus, Legionella e Haemophilus influenzae). Os vírus (p.ex., da gripe e o da varicela) também podem causar pneumonia. O Mycoplasma pneumoniae, microrganismo semelhante às bactérias, é uma causa particularmente comum de pneumonia em crianças maiores e em adultos jovens.
Vítimas
A pneumonia afeta pessoas de todas as idades, desde que estejam com baixa imunidade. Por isso é comum saber de casos que partiram de uma gripe, fácil de contrair no verão, pelas mudanças climáticas e o grande período de chuvas. Apesar disso, diferentes do vírus da gripe, que é altamente infectante, os agentes infecciosos da pneumonia não costumam ser transmitidos facilmente. Mas as principais vítimas da doença em período de enchentes são pessoas da terceira idade que ficam reféns das águas contaminadas. De acordo com o Serviço de Vigilância Epidemiológica da Fundação Nacional de Saúde (FUNASA), a taxa de hospitalização por gripe e pneumonia em idosos fica em média de 12,5 por 1.000 habitantes. Os dados de hospitalização do Sistema Único de Saúde (SUS) demonstram que a pneumonia é a terceira causa de internações entre indivíduos com 65 anos de idade ou mais, representando 6,8% do total de internações hospitalares no SUS, com um custo médio unitário de R$ 194,09. Pode causar morte.
Diagnóstico
Para o diagnóstico, ausculta dos pulmões e radiografias do tórax são essenciais. Exames de sangue e de catarro podem ser solicitados, a fim de identificar o agente causador da doença e buscar o tratamento mais adequado. Geralmente, a pneumonia produz alterações características na transmissão dos sons, que podem ser detectadas através do estetoscópio. No entanto, em 50% dos indivíduos com pneumonia, a identificação do microrganismo responsável é impossível.
Tratamento
O tratamento das pneumonias requer o uso de antibióticos em caso de origem bacteriana ou fúngica e a melhora costuma ocorrer em três ou quatro dias. A internação hospitalar pode fazer-se necessária quando o paciente é idoso, tem febre alta ou apresenta alterações clínicas decorrentes da própria pneumonia, tais como: comprometimento da função dos rins e da pressão arterial, dificuldade respiratória caracterizada pela baixa oxigenação do sangue por conta do alvéolo estar cheio de secreção e não funcionar para a troca de gases. Os principais antibióticos usados são as chamadas “quinolonas respiratórias”, dentre as quais podemos citar como exemplo a moxifloxacina, a gatifloxacina e a levofloxacina. Vale lembrar que, para a pneumonia, há vacina (a mesma indicada para meningite) e que esta, aliada à vacina contra o vírus influenza, são necessárias em caso de idosos, soropositivos, asplênicos, alcoólicos e demais pessoas com sistema imune debilitado.
Indicações
Os exercícios de respiração profunda e a terapia para eliminar secreções são úteis na prevenção da pneumonia em indivíduos de alto risco, como os debilitados ou submetidos a uma cirurgia torácica. Os indivíduos com pneumonia precisam eliminar as secreções. Também podem necessitar de suplementação de oxigênio, da administração de líquidos pela via intravenosa e de suporte ventilatório mecânico. Uma dieta apropriada e o isolamento do indivíduo doente são medidas igualmente importantes: o primeiro visando à recuperação do sistema imune da pessoa comprometida e o segundo a fim de evitar o contágio. Ficar em repouso é necessário.

Cuidados
Gripes que persistem por mais de uma semana e febre persistente devem ser motivo de atenção. Não fumar e beber exageradamente, alimentar-se bem, ter bons hábitos de higiene, sempre fazer a manutenção do ar-condicionado e evitar a exposição a mudanças bruscas de temperatura são medidas preventivas.

Malária


Paludismo, impaludismo, febre palustre, maleita e sezão, ou a conhecida malária, é uma doença infecciosa aguda ou crônica causada por protozoários parasitas do gênero Plasmodium, transmitidos pela picada do mosquito Anopheles.
Riscos
A malária mata 3 milhões de vítimas ao ano, uma taxa que só pode ser comparada a da AIDS, e afeta mais de 500 milhões de pessoas todos os anos. É a principal parasitose tropical e uma das mais frequentes causas de morte em crianças, mata um milhão delas, menores de 5 anos ao ano.
Transmissão
A transmissão ocorre, normalmente, em ambientes rurais e semi-rurais, mas pode acontecer em áreas urbanas, principalmente em periferias. O tempo chuvoso e as águas acumuladas das chuvas também propiciam a causa do contato com o parasita. O risco maior de aquisição de malária é no interior das habitações, embora a transmissão também possa ocorrer ao ar livre. A infecção humana começa quando um mosquito Anopheles fêmea inocula esporozoítos dos plasmódios a partir da glândula salivar durante a hematofagia.
Sintomas
A malária caracteriza-se inicialmente por sintomas inespecíficos, como dores de cabeça e no corpo, fadiga, febre alta, náuseas, sudorese, calafrios, palidez, cansaço e falta de apetite. Estes sintomas podem durar vários dias. No homem, os esporozoítos infectantes se direcionam até o fígado, dando início a um ciclo que dura, aproximadamente, seis dias para P. falciparum, oito dias para a P. Vivax e 12 a 15 dias para a P. malariae, reproduzindo-se assexuadamente até rebentarem as células deste local (no mosquito, a reprodução destes protozoários é sexuada). Mediante esse processo de amplificação (conhecido como esquizogonia ou merogonia intra-hepática ou pré-eritrocitária), um único esporozoíto produz vários merozoítos-filhos. Nas infecções por P. vivax, uma parcela das formas intra-hepáticas não se divide de imediato, permanecendo latente, na forma de hipnozoítos, por um período variável de 3 semanas a 1 ano ou mais, antes que a reprodução comece, e são a causa das recidivas das infecções. Após esses eventos, espalham-se pela corrente sanguínea e invadem hemácias, até essas terem o mesmo fim, causando anemia no indivíduo. Após esse período, o doente passa por fases periódicas de calafrios e febre intensa que coincidem com a destruição maciça de hemáceas e com a descarga de substâncias imunogênicas tóxicas na corrente sanguínea ao fim de cada ciclo reprodutivo do parasita. Essas crises paroxísticas, mais frequentes ao chegar o período noturno, iniciam-se por conta da subida da temperatura até 39/40°C. São seguidas de palidez na pele e fortes tremores por cerca de 15 minutos e podem chegar até 1 hora. Depois, os tremores param e a febre permanece por seis horas a 41°C, seguida de vermelhidão na pele e suores abundantes. Passados esses sintomas, o doente sente-se perfeitamente bem até a crise seguinte, dois a três dias depois.
Malária Maligna
Se a infecção for de P. falciparum, denominada malária maligna, podem ocorrer sintomas adicionais mais graves como: choque circulatório, síncopes (desmaios), convulsões, delírios e crises vaso-oclusivas. A morte pode ocorrer a cada crise de malária maligna. Pode chegar, também, a chamada malária cerebral: a oclusão de vasos sanguíneos no cérebro pelos eritrócitos infectados causa défices mentais e coma, seguidos de morte (ou déficit mental irreversível). Problemas renais e hepáticos graves aparecem pelas mesmas razões. As formas causadas pelas outras espécies (benignas) são apenas debilitantes, ocorrendo raramente a morte.
Crises
Os intervalos entre as crises paroxísticas são diferentes conforme a espécie. Nos casos de P. falciparum, P. ovale e P. vivax, o ciclo da invasão de hemácias por uma geração, multiplicação interna na célula, hemólise (rompimento da hemácia) e invasão pela nova geração de mais hemácias dura 48 horas. Normalmente, há acessos de febre violenta e tremores no primeiro dia e, passadas as 48 horas, já no terceiro dia, há novo acesso, classificado de malária ternária. A detecção precoce de malária quaternária, em que o novo sintoma de febre ocorre no quarto dia, é importante, pois esse tipo pode não ser devido a P. falciparum, portanto, menos perigoso.
Precauções
Ainda não há uma vacina eficaz contra a malária, há apenas estudos de alcance reduzido sobre testes de uma vacina sintética desenvolvida por Manuel Elkin Patarroyo, em 1987. Nos últimos tempos, o uso de inseticidas potentes, porém tóxicos, proibidos no ocidente, tem aumentado por conta de os riscos da malária serem muito superiores aos do inseticida. O uso de redes contra mosquitos é eficaz na proteção durante o sono, quando ocorre a grande maioria das infecções. Cremes repelentes de insetos também são úteis. A roupa deve cobrir a pele o mais completamente possível durante o dia. O mosquito não tem tanta tendência para picar o rosto ou as mãos, onde os vasos sanguíneos são menos acessíveis, enquanto as pernas, os braços ou o pescoço possuem vasos sanguíneos mais acessíveis. A drenagem de pântanos e outras águas paradas é uma medida de saúde pública eficaz.
Tratamento
O tratamento farmacológico da malária baseia-se na susceptibilidade do parasita aos radicais livres e substâncias oxidantes, morrendo em concentrações destes agentes inferiores às mortais para as células humanas. Os fármacos usados aumentam essas concentrações. A quinina, um medicamento antigamente extraído da casca da Cinchona, ainda é usada como tratamento. No entanto, a maioria dos parasitas já é resistente às suas ações. Ultimamente a artemisinha, extraída de uma planta chinesa, tem dado resultados encorajadores. Ela produz radicais livres em contacto com o ferro, que existe especialmente na hemoglobina, no interior das hemáceas, onde se instala o parasita. É extremamente eficaz em destruí-lo, causando efeitos adversos mínimos. No entanto, as quantidades produzidas hoje são insuficientes.
Estudos
Em 2010, pesquisadores israelenses desenvolveram um açúcar tóxico, batizado como attractive toxic sugar bait (ATSB), para eliminar o mosquito transmissor da malária. Os testes foram realizados em uma região semi-árida do Mali e demonstraram a eficácia na redução de mosquitos de ambos os sexos em até 90%.
Diagnóstico
O elemento fundamental no diagnóstico clínico da malária, tanto nas áreas endêmicas como não-endêmicas, é sempre pensar na possibilidade da doença. Como a distribuição geográfica da malária não é homogênea, nem mesmo nos países onde a transmissão é elevada, torna-se importante, durante o exame clínico, resgatar informações sobre a área de residência ou relato de viagens de exposição ao parasita como nas áreas tropicais. Além disso, informações sobre transfusão de sangue, compartilhamento de agulhas em usuários de drogas injetáveis e transplante de órgãos, podem sugerir a possibilidade de malária induzida. O diagnóstico de certeza da doença só é possível através da demonstração do parasito ou de antígenos relacionados no sangue periférico do paciente, através dos métodos abaixo:
  • Gota espessa – método adotado oficialmente no Brasil para o diagnóstico da malária. Mesmo após o avanço de técnicas diagnósticas, este exame continua sendo um método simples, eficaz, de baixo custo e fácil realização. A técnica baseia-se na visualização do parasito, retirado como amostra da ponta do dedo do paciente, e visualizado através da microscopia ótica, após uma coloração com corante vital (azul de metileno e Giemsa), o que permite a diferenciação específica dos parasitos a partir da análise morfológica, e pelos estágios de desenvolvimento do parasito encontrados no sangue periférico.
  • Esfregaço delgado – possui baixa sensibilidade (estima-se que, a gota espessa é cerca de 30 vezes mais eficiente que o esfregaço delgado na detecção da infecção malárica). Porém, é o único método que permite, com facilidade e segurança, a diferenciação específica dos parasitos a partir da análise morfológica e das alterações provocadas no eritrócito infectado.
  • Testes rápidos para detecção de componentes antigênicos de plasmódio – são testes imunocromatográficos, que representam novos métodos de diagnóstico rápido de malária. Realizados em fitas de notrocelulose, contendo anticorpo monoclonal contra antígenos específicos do parasito. Apresentam, também, sensibilidade superior a 95% quando comparado à gota espessa, e com parasitemia superior a 100 parasitos/µL.